segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Monique Ferreira " pendura o maiô"

Por João Lidington
AHE

Pessoal , essa matéria saiu no site AHE . Nos despedimos de uma grande e sensacional atleta Monique Ferreira.

Monique Ferreira encerra a carreira após suportar lesão por dez anos

Apesar de formada em Direito, nadadora planeja futuro próximo ao esporte



Acordar cedo, treinar horas a fio na piscina, buscar índices para as Olimpíadas de Londres e competir um torneio atrás do outro. Essa rotina não faz mais parte da vida de Monique Ferreira. Finalista olímpica (em Atenas-2004), recordista sul-americana dos 200m livre (1m59s78) e um dos principais nomes da natação feminina brasileira, a nadadora resolveu colocar um ponto final na carreira em dezembro do ano passado. Aos 31 anos, a ex-atleta pendura o maiô com a sensação de que sua grande adversária talvez não estivesse na raia ao lado, mas sim em seu próprio corpo.

- Ao longo desse tempo todo competindo, adquiri duas lesões sérias e ficou difícil continuar. Passei o auge da minha carreira com uma disfunção muscular na região da escápula (omoplata). Dói até para dormir. Tenho isso há dez anos e, mesmo assim, segui disputando em um bom nível. Além disso, em 2009, passei a conviver com uma tendinite no quadril, e as dores aumentaram nesse último ano. Tomei a decisão certa de parar. Cheguei a pensar nisso em 2010, mas aguentei mais uma temporada. Agora sei que já contribuí bastante para o esporte - analisou a ex-integrante da equipe do Flamengo.

Com a aposentadoria decretada, Monique se prepara para uma nova fase. Apesar de ser formada em Direto, ela prefere continuar trabalhando próximo ao esporte a dedicar suas horas a petições, fóruns e processos. No entanto, a ex-atleta descarta a rotina da beira da piscina e planeja se aventurar na área do marketing e gestão esportiva.

- Quero fazer uma pós-graduação nessa área mais administrativa e quero contribuir com os meus conhecimentos adquiridos na modalidade. Confesso que é muito difícil ficar, de repente, sem aquela rotina e sem ter o que fazer. Vou entrar em contato com o Comitê Olímpico Brasileiro para me interar sobre o programa de apoio ao atleta. Afinal, o profissional se sente perdido quando sempre faz uma determinada atividade e tem que parar. Estou me sentindo assim – declarou a carioca.

Momento inesquecível na natação

Nadadora participou da final olímpica de Atenas, nos 4x200m livre - Satiro Sodré/CBDAMonique Ferreira começou sua trajetória na seleção nacional no Campeonato Mundial de Perth, na Austrália, quando tinha 18 anos. Desde então, ela nunca mais deixou de representar o país nos principais torneios do circuito internacional. Com inúmeras conquistas no currículo, a carioca guarda com carinho o dia em que ajudou o Brasil a ficar, pela primeira vez na história, entre as oito melhores equipes do revezamento 4x200m livre dos Jogos de Atenas 2004.

- Foi um momento inesquecível. O sétimo lugar foi uma vitória, ainda que sem a medalha. Consegui conquistar o sonho de qualquer atleta, que é disputar as Olimpíadas. No meu caso foram duas (Atenas-2004 e Pequim-2008). Também alcancei medalhas individuais em Jogos Pan-Americanos (bronze nos 400m livre em Santo Domingo-2003 e nos 200m livre no Rio-2007). Por isso afirmo que parei completamente realizada, sem qualquer tipo de frustração – analisou.

Ciente da sua importância para o crescimento da natação feminina, a ex-atleta sai da água e agora vai para as arquibancadas, onde fica na torcida pelo primeiro ouro olímpico de uma brasileira.

Monique em Pequim para a sua última participação em Jogos Olímpicos - CBDA - Falta pouco para conseguirmos a medalha dourada. Estávamos num nível baixo antes, mas estamos evoluindo desde a Patrícia Amorim. Na última década, surgiram a Flávia Delaroli, a Fabíola Molina e a Joanna Maranhão. Isso sem contar as meninas novas que chegaram com força. Sei que existe o investimento, mas ele tem que ser maior. Deve haver uma estratégia para levar as nadadoras para treinar e competir fora do país. Assim elas vão ganhar a experiência que falta – finalizou.

De nadadora a aposentada. Monique terá que se adaptar ao novo estilo de vida, mas deixa a piscina com a certeza de que, por um bom tempo, suas marcas vão perdurar. Afinal, ela ainda é a atual recordista sul-americana dos 200m livre (1m59s79) e dos revezamentos 4x200m livre (8m05s29) e 4x100m livre (3m41s49).

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